Viajar passos, peregrinar no Ser! #1

Alma que pede movimento aos corpos, sair de onde se está, e seguir um caminho desconhecido, recordando o novo. Esvaziando mochilas nos passos, e preenchendo-as de boas conexões.

A viagem sentida, conduzida pelo pulso do coração, o sopro da Alma e aquele empurrão da criatividade, LIBERTA.

Seres e Seres, cada um com sua composição e natureza, no caminho do autoconhecimento encontram quais as ferramentas que os fazem sentir vivos, alegres, no propósito e no recordar do essencial. 

Nos últimos anos, viajar foi a ferramenta que nutriu minha alma, transformou meu corpo e me fez olhar mais atenta para os meus comportamentos psicoemocionais. Alguns passos no vazio foram oferecidos, e com eles alcancei novos caminhos, que auxiliam a sustentar as escolhas feitas no hoje.

Em uma das viagens que fiz, dedicada a deixar muito dos padrões que reprimiam  a minha expressão criativa – gerando o medo de tocar um mundo com a minha arte – me foi apresentada 3 chaves muito importantes, que me acompanham até hoje. Sinto de contar essa história para vocês. 

Fotos: Tais Urquizar

 É curioso lembrar desse momento – Era fim de tarde, eu tinha 24 anos, caminhava com um vestido longo e pés descalços pelas ruas de cristais em São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, quando um artesão me chamou para conhecer a sua arte – na época limpava camadas de comportamentos que carregava comigo desde quando nasci, conceitos definidos de como deveria me comportar, e ali naquelas terras, lugar que ninguém me conhecia, aproveitei para borboletear com a liberdade de explorar tudo que não sabia ser – me aproximei do artesão com a escuta atenta, disponível para escutar o que ele tinha para contar. Ele já tinha a aparência de um ancião, cabelos e barbas grisalhas, estava debaixo de uma tenda, que era a extensão da sua kombi, ali era sua casa, atelier e loja. Várias pinturas na Kombi me chamavam atenção, ele contava sobre seus artesanatos e no meio filosofava sobre algum tema da nova era. Achava tudo muito curioso, até ele me convidar para sentar embaixo da tenda, e ali passamos horas conversando. Ele já havia rodado muito, e compartilhou comigo três lições que ele aprendeu com tantos passos dados, foram elas:

Tenha um objetivo – o que te faz seguir … o que te impulsiona… o que te levou até determinado lugar. Tenha isso claro consigo, no momento que porventura você se sentir perdida, saiba o que te levou ao movimento.

Troque informações – Entregue aos lugares que você passar a sua experiência de vida, o que te toca. E se abra para receber (livre de julgamentos) o que aquele lugar tem a te ensinar. Esse momento é o momento onde esvaziamos as nossas mochilas e as enchemos de novos aprendizados. Cuide com o olhar colonizador, que tenta modificar o entorno para que se encaixe apenas na sua verdade.

Tenha um porto seguro – Qual é esse lugar que te faz voltar de vez em quando para cultivar as suas relações? Lembre-se desse lugar! Ele pode ser físico ou afetivo. Físico: que você tenha para onde voltar quando tudo estiver incerto. Afetivo: quando chegar o caos, você lembra desse lugar seguro, e se refugia mentalmente nele.

    Era minha segunda semana de viagem, quando essas 3 chaves chegaram até mim, elas nortearam meus próximos passos, para que desfrutasse consciente dos aprendizados que a viagem estava me proporcionando. Antes de me perguntarem sobre o artesão, todas as vezes que voltei para a Chapada dos Veadeiros vi ele expondo sua arte, ou sua Kombi estacionada pela cidade. Ele nem imagina que tenho anotado até hoje no meu caderninho essas 3 frases.

    A terceira chave – tenha um porto seguro – foi a mais desafiadora para ser compreendida, pois o impulso que geralmente me movia para uma grande mudança – no caso, a ação de viajar – era o impulso da raiva. E quando a seguia, não conseguia olhar para trás, queria apenas seguir em frente, criava uma guerra interna com tudo que parecia seguro. Até, o chegado momento que meus impulsos me levaram a ferir a alma, e essa cicatriz, tenho marcada no hoje. Aqui, reconheci os abraços verdadeiros e as amizades que sustentaram a minha partida. 

    Para fechar esse compartilhar, é cíclico esse movimento, enquanto um vai viver a experiência de desbravar o desconhecido, o outro fica, sustenta a terra que se pisa, quando o outro volta, aquele que sustenta segue o caminho da peregrinação. Assim nos movimentamos coletivamente sendo.

Com Amor

Marthina

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