Empreendedorismo Cíclico #1

Empreender respeitando a roda-viva que transpassa nossas corpas. Discernindo entre a linearidade que permeia o meio, e que molda a criatividade para um encaixe, e a ciclicidade que apresenta espaços criativos entre um período ao outro.

São setes anos empreendendo, sete anos confiando nas ideias criativas que me tocam, sete anos seguindo o instinto e rompendo medos de manifestar projetos, sete anos buscando autonomia e sustentabilidade no que é manifestado e sete anos aprendendo a ser flexível com meu corpo. Pois o mundo de fora estimula a continuidade, a repetição da repetição, excessos sem pausa, e o corpo: CANSA.

Durante esse período já empreendi como designer de acessórios, produtora de moda, styling, produtora de eventos, instrutora de yoga, terapeuta floral, administradora de espaço holístico, facilitadora de vivências de autoconhecimento, criadora de materiais de aprofundamento no autoconhecimento e ilustradora.

Fotos: Tais Urquizar

    Todos os caminhos, por mais distantes que possam parecer, revelam a ciclicidade que permeia entre a empreendedora e a cria. A cria reflete as travessias que a criadora vivência em sua roda-viva de autodescoberta, conforme caminho novas ferramentas de crescimento pessoal são experienciadas, e desse lugar a rota se refaz, pois ideias e soluções criativas tornam-se empreendimentos. Mas, existe um espaço entre a empreendedora e a cria –  no momento que a ideia criativa toma corpo no mundo material, existe uma separação entre elas. E a cria (empreendimento) recebe influências do mundo de fora, formando a sua personalidade. Nesse momento a criadora não tem mais controle, o empreendimento precisará seguir o ritmo da sua ciclicidade, até que não seja mais necessário ou precise de uma reciclagem.

    É desafiador aceitar essa perspectiva no mundo linear em que vivemos, que mascara o novo até ter o controle sobre ele, assim ditando a tendência do ritmo que ele deverá cumprir. Não encontrando espaço criativo para intervenção com o meio. No decorrer dos meus desenvolvimentos criativos, comecei a questionar o tempo das coisas, a maneira que as criações se relacionavam com o meio, o momento que elas pedem pausa ou força energética, e distante passei a observar como o meu corpo conversava com tudo isso. 

    Quando nós entendemos nossos ritmos, podemos utilizá-los ao nosso favor na hora de trazer uma ideia criativa ao mundo. Reconhecendo as fases de expansão e contração do nosso Ser, é possível organizar as fases do processo criativo. Assim, empreendendo ciclicamente. Sabendo que existe um começo, um meio, um fim, uma transformação (…). Aqui, quero destacar um ponto que precisamos tomar muito cuidado: existe um ritmo em transformação constante, acreditar que será sempre igual – aí estamos falando de linearidade. Por isso a importância da auto-observação para reconhecer as mudanças que são necessárias, e a transição de uma fase para outra. Estar atenta ao processo de transição de uma fase à  outra, nos torna flexível ao processo, pois quando chega a hora da travessia para uma mudança, temos as ferramentas para sustentar a passagem.

    Para fechar essa partilha, empreendemos dentro de estruturas lineares, e é preciso compreendê-las – o que quero dizer com isso – existem acordos e formas comportamentais muito estruturadas, e muitas vezes começamos algo firmadas no propósito, mas somos derrubadas no meio do caminho, pois chega um momento que essas estruturas te pedem para que você se encaixe. Entrar consciente é diferente, abre possibilidades para uma real mudança e um questionamento sustentável. É possível sim empreender de maneira cíclica, pois nossas corpas foram criadas dessa maneira, ir além disso é desrespeitar a própria natureza. É preciso começar até chegar ao ritmo da transformação, e assim começamos novamente de outra forma.

Com Amor 

Marthina

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