Ouvi um sussurro, e fui! Peregrina do Ser #2

Sempre que o sussurro se aproxima, a inquietude chega com ele, sei que já é o tempo da mudança acontecer. O caminho é incerto aos olhos da mente, mas os passos são certeiros, a cada passo entregue o caminho começa a ser feito.

Acontece comigo, talvez aconteça com você também, e você chame de algum apelido carinhoso ou de intuição. Esse sussurro é de arrepiar a espinha, e pouco antes dele chegar as estruturas construídas até então começam a se mover, poucas coisas permanecem no lugar, o que fica realmente está bem enraizado. 

Nos primeiros acontecimentos a minha cabeça era tão bagunçada, que o sussurro precisavam ser comunicado na “caixa de som” para ser percebido por mim, mas quando os calos dos atropelamentos impulsivos foram se formando, fui ficando sabida, e aqui, comecei a perceber o sussurro. Por isso, quero contar sobre uma viagem que vivenciei em 2017.

Pirâmide São Thomé das Letras

Estava Eu com uma passagem comprada para a Bahia, na intenção de passar o meu aniversário em terras quentes. E por um momento de espontaneidade fui convidada para assistir um filme na casa de uma amigo, no meio do filme senti o tal do arrepio na espinha e o sussurro leve, mas, marcado dizendo “São Thomé das Letras”.

São Thomé das Letras? Era essa a resposta, não tinha como fugir. 

A rota mudou por completo, mochilão nas costas, seguia na sorte de chegar sozinha até São Thomé. Antes de chegar em São Thomé, passei por outras regiões de Minas para rever algumas pessoas queridas que fiz viajando, depois segui para a cidade de Três Corações, para ali pegar o famoso ônibus sentido São Thomé das Letras. 

Nessa época, a sorte era muito minha amiga, pois eu seguia despreocupada sem saber nada sobre o lugar e não tinha nenhuma reserva de hospedagem, eu tinha uma breve imaginação do que poderia ser, pela música do Ventania e por algumas falas de alguns viajantes que encontrei no caminho.

Cheguei, dei um passo fora da rodoviária, e a vontade foi de ir embora no mesmo momento, fui tomada pelo medo. Eram 15 dias de viagem, que se tornaram 4 dias apenas, com a sensação que foram Vidas. Vidas minhas passavam pela minha frente, viajar sozinha agarrada a mim mesma, meu corpo – meu escudo. Muitos detalhes, muitos acontecimentos, muita atenção ao que se aproximava e muito respeito à guiança. Aqui, senti a força dos guias, dos protetores, daqueles que estão por você. 

Passei meu aniversário desbravando São Thomé na garupa de uma moto, com um guia turístico holístico – Pensa – conheci muitos lugares escondidos, e tive a oportunidade de sentir algumas cidades de pedras, comer uma feijoada vegana no almoço, e finalizar a noite facilitando uma aula de yoga no espaço de uma amiga que fiz no caminho.

Foi o tempo suficiente para rever as rotas, firmar alguns comportamentos e tomar algumas decisões. A passagem por São Thomé das Letras, me ligou ao Peru, que conheci no mesmo ano, e a Escócia, que conheci em 2019. Para entender o que vivi na Escócia, precisei passar por São Thomé – em outro momento compartilho sobre essa peregrinação.

O que aprendi com esse momento, e o que sigo aprendendo com os sussurros, o escudo é o meu corpo, ele precisa estar bem para aguentar as novas informações que se aproximam com os lugares que foram passados. Cada passo que é dado renova alguma memória – gera movimento em histórias que estão estagnadas – que começam a ganhar fluxo quando você se movimenta. Lembra das nossas raízes e o quanto é importante elas estarem firmes, pois quando a tempestade vier, e pode esperar que ela virá, só o que for verdadeiro ficará. E lembro: somos Mulheres viajando sozinhas, a nossa atenção é muito maior, tive que aprender no risco isso, com essa viagem.

Os sussurros mudam rotas, apresentam novas direções, nos chama ao desconhecido. Mas, a decisão de dar um passo é totalmente sua.

Com Amor

Marthina

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